Artigo editado na Revista do Diário Insular de Março de 2006
Floating in (e)motion é o nome de uma nova modalidade em meio aquático desenvolvida pelos fisioterapeutas Eva Albuquerque e Paulo Araújo, directores do Wellness Center do Hotel do Caracol. A promoção do relaxamento profundo é o principal objectivo desta técnica, que alia os princípios do Halliwuk, Bad-Ragaz, Watsu e Water Dance.
O Floating in (e)motion (FIM) – que traduzido pode significar ‘flutuar em movimento’ ou ‘flutuar em emoção’ – nasceu do cruzamento de variados métodos e técnicas, nomeadamente Halliwuk, Bad-Ragaz, Watsu e Water Dance, e da experiência de anos de trabalho em meio aquático dos fisioterapeutas Eva Albuquerque e Paulo Araújo, directores do Wellness Center do Hotel do Caracol, em Angra do Heroísmo.Mistura eclética de princípios e conceitos, o FIM é uma técnica de relaxamento, podendo também ser utilizado no tratamento de distúrbios neuromusculares e músculo-esqueléticos. A promoção do relaxamento profundo, aliviando as tensões físicas e psíquicas, é o principal objectivo. A nova modalidade visa ainda o alívio da dor muscular e articular, o aumento da flexibilidade e mobilidade global e a diminuição do tónus muscular.
Para além dos benefícios físicos, o FIM cria um ambiente totalmente confortável para o praticante atingir um estado meditativo, podendo mesmo levá-lo a recriar memórias do útero materno. Factores como estar no “colo” de alguém, consciente da sua respiração, num ambiente aquecido, confortável, sem dor e com o peso bastante diminuído conduzem a uma sensação de liberdade e, por conseguinte, à percepção do próprio corpo de uma forma natural.
BENEFÍCIOSSegundo os seus autores, não é necessário estar doente ou sofrer de problemas relacionados com o stresse para beneficiar com uma sessão de FIM. Qualquer pessoa pode usufruir dos efeitos da prática desta técnica, sublinham Eva Albuquerque e Paulo Araújo. Existem, no entanto contra-indicações, nomeadamente as mesmas do que para qualquer outra prática terapêutica em meio aquático: piréxia com doença sistémica, doença cardíaca instável ou severa, problemas gastrointestinais, etilismo, toxicodependência, infecção urinária grave, feridas abertas, infecção transmissível por meio aquático e perturbações psicológicas.Saber nadar não é um pré-requisito, mas é necessário que o utente esteja adaptado à água. Não existe também uma idade ideal para praticar esta modalidade – ela é adaptável e acessível a toda a gente, sendo uma disciplina eclética e enriquecedora.
A TÉCNICA
Para quem faz uma sessão de FIM, não há palavras que consigam descrever com exactidão a sensação de relaxamento e de liberdade que se pode sentir. Apesar do corpo ser manuseado e segurado de forma claustrofóbica e incómoda, os efeitos da água e do movimento ultrapassam qualquer sensação desconfortável, promovendo um relaxamento profundo e um estado de meditação ímpar. A pessoa perde qualquer noção de espaço e tempo. Contudo, a sensação mais estranha é a do corpo recusar sair da água, no fim da sessão.
O contexto ideal para a realização do FIM é uma piscina aquecida, com música e um ambiente tranquilos. A técnica associa movimentos rotacionais e longitudinais harmoniosos com alongamentos, tracções nas articulações e pressões em pontos específicos do corpo. A sustentação oferecida pela água a uma temperatura terapêutica perto dos 34º, os movimentos suaves, rítmicos e contínuos e a respiração ritmada oferecem ao utente a possibilidade de experimentar uma sensação de grande bem-estar e de atingir um estado profundo de relaxamento.
Durante toda a sessão, que pode ir dos 20 aos 30 minutos, o fisioterapeuta oferece ao praticante suporte e apoio, proporcionando-lhe uma sensação de paz. A única preocupação do utente deverá ser tentar relaxar e abstrair-se dos seus eventuais problemas, procurando não reagir aos movimentos realizados pelo fisioterapeuta. A passagem de um movimento para o outro deverá ser realizada de forma tranquila, sem que o praticante necessite apoiar-se ou sair do estado de relaxamento.
O retorno à posição vertical deverá ser efectuado com extremo cuidado, uma vez que a movimentação em inúmeros planos altera a percepção da verticalidade do sistema vestibular. O fisioterapeuta deverá sempre suportar o utente na passagem da posição horizontal para a vertical, tendo o cuidado de dar o estímulo de carga nos membros inferiores, quando o praticante toca no fundo da piscina.
Apesar do FIM se reger por alguns princípios básicos, deixa espaço à imaginação do fisioterapeuta para inventar movimentos e rotinas na sequência que entender melhor. Não há duas sessões de FIM iguais.
Vanda MendonçaDiário Insular-Março de 2006
